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“Patriarca dos patriarcas! Príncipe dos príncipes! Profeta dos profetas! Peço a sua permissão para o prazer com outros rapazes. Posso eu pô-los em mim... persegui-los como minhas presas, prendê-los entre minhas pernas, possuir-lhes os pênis, os pêlos e as palavras?”
“Sim. Esteja com eles. Queira-os. Use-os. Invada-os, intumescido, com ímpeto. Sorva o sabor de seus suores e sirva-se de seus sucos e sêmen. Engasgue-se em estranhos êxtases. Renda-se. Soçobre. Arrependa-se, aprenda-se, apodere-se. Busque a briga. Encare o ermo. Reviva, renasça, ressuscite. Dê-lhes, dileto discípulo, dúvidas e desejos. Espere os ecos de cada empréstimo. Unja-os, um a um, com unguentos únicos. Mele-os, misturados, de mijo e mel. Dome-os, pois domados dar-te-ão deliciosos delírios. Entenda-os. Satisfaça-os. Ensine-os. Jogue o jogo de cada jogador. Observe-os, os outros. Seja senhor desses servos e soberano desses súditos. Impeça-os de irem de sua imaginação. Represe-os reclusos em recônditas reminiscências. Vivifique-os. Adore-os em arrogantes altares. (Santifique-os. Endeuse-os). Detenha-se diante desses deuses. Engrandeça-os, enalteça-os, entesoure-os, entregue-se. Tenha-os para o tesão de todo tempo. Obtenha-os ordinariamente. Deixe-os, devolva-os. Olvide-os, os ódios e os ósculos. Salve-se e siga sem.”
“Posso, pois?”
“Acrescento: liberte o inascível, prove a chuva em uma colina, apague a luz quando estiver sozinho, vire-se subitamente para o local de onde veio a voz, coma o doce que só será preparado uma vez, vingue-se todos os dias, durma, durma, durma, sonhe com o poder, mate pelo poder, mate, quebre o muro que separa a sorte, destrua as coisas belas, salve as coisas belas, ouça as histórias completas, minta para si mesmo, diga a verdade em sussurros, nade no mar, descanse na sombra, beba a última água do manancial que em breve se esgotará, viaje sem pressa, corra velozmente, salte para o abismo, desista, amoleça, perdoe, empreste gargalhadas aos desesperados, convide os solitários para dançar, recobre sua saúde no início da primavera, prepare a festa, peça carinho, dê dinheiro aos pobres, todo o dinheiro, interrompa a música, revogue a lei da gravidade.”
“Pelo prazer? Por poder?”
“Para prosseguir, para perdurar... para sempre...”
“Não! Não, não e não!” – disse o discípulo.
PERMISSÃO
“Patriarca dos patriarcas! Príncipe dos príncipes! Profeta dos profetas! Peço a sua permissão para o prazer com outros rapazes. Posso eu pô-los em mim... persegui-los como minhas presas, prendê-los entre minhas pernas, possuir-lhes os pênis, os pêlos e as palavras?”
“Sim. Esteja com eles. Queira-os. Use-os. Invada-os, intumescido, com ímpeto. Sorva o sabor de seus suores e sirva-se de seus sucos e sêmen. Engasgue-se em estranhos êxtases. Renda-se. Soçobre. Arrependa-se, aprenda-se, apodere-se. Busque a briga. Encare o ermo. Reviva, renasça, ressuscite. Dê-lhes, dileto discípulo, dúvidas e desejos. Espere os ecos de cada empréstimo. Unja-os, um a um, com unguentos únicos. Mele-os, misturados, de mijo e mel. Dome-os, pois domados dar-te-ão deliciosos delírios. Entenda-os. Satisfaça-os. Ensine-os. Jogue o jogo de cada jogador. Observe-os, os outros. Seja senhor desses servos e soberano desses súditos. Impeça-os de irem de sua imaginação. Represe-os reclusos em recônditas reminiscências. Vivifique-os. Adore-os em arrogantes altares. (Santifique-os. Endeuse-os). Detenha-se diante desses deuses. Engrandeça-os, enalteça-os, entesoure-os, entregue-se. Tenha-os para o tesão de todo tempo. Obtenha-os ordinariamente. Deixe-os, devolva-os. Olvide-os, os ódios e os ósculos. Salve-se e siga sem.”
“Posso, pois?”
“Acrescento: liberte o inascível, prove a chuva em uma colina, apague a luz quando estiver sozinho, vire-se subitamente para o local de onde veio a voz, coma o doce que só será preparado uma vez, vingue-se todos os dias, durma, durma, durma, sonhe com o poder, mate pelo poder, mate, quebre o muro que separa a sorte, destrua as coisas belas, salve as coisas belas, ouça as histórias completas, minta para si mesmo, diga a verdade em sussurros, nade no mar, descanse na sombra, beba a última água do manancial que em breve se esgotará, viaje sem pressa, corra velozmente, salte para o abismo, desista, amoleça, perdoe, empreste gargalhadas aos desesperados, convide os solitários para dançar, recobre sua saúde no início da primavera, prepare a festa, peça carinho, dê dinheiro aos pobres, todo o dinheiro, interrompa a música, revogue a lei da gravidade.”
“Pelo prazer? Por poder?”
“Para prosseguir, para perdurar... para sempre...”
“Não! Não, não e não!” – disse o discípulo.
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