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— O que você está fazendo aqui em cima?
— Nada, só dando um tempo...
— Só dando um tempo...?
— O quê?
— Nada.
— Fala o que você quer falar, Lúcia!
— Eu não tenho nada para falar... mas sei que você não está aqui só pra dar um tempo, eu conheço você. O que aconteceu?
— Eu briguei com o Ramón.
— Brigou com o Ramón?!
— É, briguei com o Ramón... que foi?
— “Que foi” é que você já notou como essas brigas com seu irmão têm se repetido?
— Não é culpa minha, ele que começa...
— Duda, eu não sou sua mãe, sou sua mulher. Não faz a mínima diferença para mim quem começou o quê. Eu só fico triste de ver você assim, chateado por conta desses desentendimentos com o Ramón... Não sei o que aconteceu! Vocês sempre se deram tão bem!
— Mas era diferente!
— O que era diferente, Duda?
— Tudo! Não tudo, mas a gente morava junto, saía junto e a gente sabia o que acontecia na vida um do outro. Agora o Ramón está cada vez mais estranho e eu sinto saudade do meu irmão, de como ele era. Entende?
— Entendo. Um pouco.
— Eu vou descer de novo. Mas vou ficar longe dele para não dar mais tumulto.
— Por que vocês brigaram?
— Nada.
— Duda...
— Porque o Ramón não ouve o que a gente fala! Quando eu estou discutindo com ele, ele simplesmente ignora meus argumentos porque ele sabe que eu estou certo! E fica fazendo piadinha ao invés de discutir como homem!
— Tira uma dúvida minha, Duda: sobre o que vocês estavam discutindo?
— Nós estávamos falando de outra coisa, nem lembro o que era, e aí o assunto foi mudando, e já estava lá o Ramón falando do São Paulo e que as novas contratações...
— Pelo amor de Deus, Duda! Deixa de ser ridículo!
— Não fui eu que entrei nesse assunto...
— Futebol, de novo?
— Futebol de novo sim!
— Há quanto tempo você e o Ramón são irmãos?
— Lúcia, a questão...
— Mais de 30 anos. E há quanto tempo ele torce pelo Palmeiras e você para o São Paulo?
— Eu sempre fui são-paulino!
— E ele sempre foi palmeirense, e vocês viviam tirando sarro um do outro, provocando, mas não tinha briga de verdade, não era essa xingação que agora vocês arrumam! Mas você pode anotar que não tem erro, é vocês começarem com essa história de Palmeiras e São Paulo que dá confusão! Só quem está perto é que vê como é patético!
— Você não entende!
— É claro que não entendo! Isso é absurdo!
— Você não entende...
— Eu vou descer, Duda. Acho melhor você dar um tempo aqui em cima mesmo!
— Não fala pro Ramón que eu estou aqui!
— Não vou me meter, Duda! Isso é entre você e seu irmão!
— Então pronto!
— Só acho que você deveria ser o irmão mais velho de verdade e mostrar um pouco de maturidade, porque está ridículo para todo mundo ficar assistindo, toda vez que a família se reúne, esse bate-boca que não tem nada a ver com futebol!
— Nada a ver?
— Nunca teve!
— Você não sabe o que está dizendo!
— Eu sei exatamente o que estou dizendo! E você também sabe o que eu estou dizendo, só não quer ouvir.
— Não quero mesmo! Pode descer! Aproveita e faz um aconselhamento psicológico com o Ramón, já que você sabe tudo sobre tudo, sempre! A conversa vai durar até o fim do mundo com dois sabichões! Fala para ele também...
— Duda, para! Eu não vou entrar nessa. Essa briga não é comigo. E também não é com o Ramón.
— Você não entende...
— Vê se não fica aqui a festa inteira... não vale a pena. Esfria um pouco a cabeça e depois você desce, ok? Ok... ? Duda?
— Ok.
— E nada de falar em futebol. Evita esse assunto.
— Ok. Nada de falar em futebol...
BRIGA
— O que você está fazendo aqui em cima?
— Nada, só dando um tempo...
— Só dando um tempo...?
— O quê?
— Nada.
— Fala o que você quer falar, Lúcia!
— Eu não tenho nada para falar... mas sei que você não está aqui só pra dar um tempo, eu conheço você. O que aconteceu?
— Eu briguei com o Ramón.
— Brigou com o Ramón?!
— É, briguei com o Ramón... que foi?
— “Que foi” é que você já notou como essas brigas com seu irmão têm se repetido?
— Não é culpa minha, ele que começa...
— Duda, eu não sou sua mãe, sou sua mulher. Não faz a mínima diferença para mim quem começou o quê. Eu só fico triste de ver você assim, chateado por conta desses desentendimentos com o Ramón... Não sei o que aconteceu! Vocês sempre se deram tão bem!
— Mas era diferente!
— O que era diferente, Duda?
— Tudo! Não tudo, mas a gente morava junto, saía junto e a gente sabia o que acontecia na vida um do outro. Agora o Ramón está cada vez mais estranho e eu sinto saudade do meu irmão, de como ele era. Entende?
— Entendo. Um pouco.
— Eu vou descer de novo. Mas vou ficar longe dele para não dar mais tumulto.
— Por que vocês brigaram?
— Nada.
— Duda...
— Porque o Ramón não ouve o que a gente fala! Quando eu estou discutindo com ele, ele simplesmente ignora meus argumentos porque ele sabe que eu estou certo! E fica fazendo piadinha ao invés de discutir como homem!
— Tira uma dúvida minha, Duda: sobre o que vocês estavam discutindo?
— Nós estávamos falando de outra coisa, nem lembro o que era, e aí o assunto foi mudando, e já estava lá o Ramón falando do São Paulo e que as novas contratações...
— Pelo amor de Deus, Duda! Deixa de ser ridículo!
— Não fui eu que entrei nesse assunto...
— Futebol, de novo?
— Futebol de novo sim!
— Há quanto tempo você e o Ramón são irmãos?
— Lúcia, a questão...
— Mais de 30 anos. E há quanto tempo ele torce pelo Palmeiras e você para o São Paulo?
— Eu sempre fui são-paulino!
— E ele sempre foi palmeirense, e vocês viviam tirando sarro um do outro, provocando, mas não tinha briga de verdade, não era essa xingação que agora vocês arrumam! Mas você pode anotar que não tem erro, é vocês começarem com essa história de Palmeiras e São Paulo que dá confusão! Só quem está perto é que vê como é patético!
— Você não entende!
— É claro que não entendo! Isso é absurdo!
— Você não entende...
— Eu vou descer, Duda. Acho melhor você dar um tempo aqui em cima mesmo!
— Não fala pro Ramón que eu estou aqui!
— Não vou me meter, Duda! Isso é entre você e seu irmão!
— Então pronto!
— Só acho que você deveria ser o irmão mais velho de verdade e mostrar um pouco de maturidade, porque está ridículo para todo mundo ficar assistindo, toda vez que a família se reúne, esse bate-boca que não tem nada a ver com futebol!
— Nada a ver?
— Nunca teve!
— Você não sabe o que está dizendo!
— Eu sei exatamente o que estou dizendo! E você também sabe o que eu estou dizendo, só não quer ouvir.
— Não quero mesmo! Pode descer! Aproveita e faz um aconselhamento psicológico com o Ramón, já que você sabe tudo sobre tudo, sempre! A conversa vai durar até o fim do mundo com dois sabichões! Fala para ele também...
— Duda, para! Eu não vou entrar nessa. Essa briga não é comigo. E também não é com o Ramón.
— Você não entende...
— Vê se não fica aqui a festa inteira... não vale a pena. Esfria um pouco a cabeça e depois você desce, ok? Ok... ? Duda?
— Ok.
— E nada de falar em futebol. Evita esse assunto.
— Ok. Nada de falar em futebol...
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